Era 2022 e Vanessa, uma operadora de caixa dedicada e alegre! Nessa época, a vida não podia ser mais feliz, repleta de amor e dedicação aos seus três filhos: Henrique, Samuel e Davi, mas tudo estava prestes a mudar!

Henrique!

Um típico pré-adolescente, que amava música e esportes, sobretudo o basquete e se sobressaia jogando com talento e muito entusiasmo!

Inteligente, começou a tocar violão e por força do amor e da dedicação, acabou por aprender sozinho, recebendo orientação técnica, quando já tocava com autonomia.

Ele, frequentava o Grupo Força Jovem da Igreja Universal e lá, passou a integrar a banda tocando violão.

O que se pode dizer com certeza?

Ele era um menino de ouro que, pela gentileza e educação, cativou todos a quem conheceu!

Tudo começou!

Em dezembro de 2022, a vida começou a mudar. Henrique, sempre cheio de energia, começou a queixar-se de cansaço e falta de apetite, e os suores noturnos tornaram-se frequentes. Em apenas dez dias, ele perdeu 15 quilos, o que para Vanessa foi um sinal de alerta.


No dia 19 de dezembro, Vanessa levou Henrique à UPA Norte, em Caxias do Sul. Os exames para Covid-19 deram negativo, e eles foram liberados com medicamentos para aliviar os sintomas. Mas a situação piorou ainda na calçada da UPA, onde Henrique sentiu-se mal novamente.


Vanessa, sem hesitar, o levou para uma nova consulta, mas recebeu uma resposta desanimadora: “não mãe, ele não tem indicação para fazer exame, porque ele não tem febre. É dor do crescimento. Ele é adolescente, dorme de qualquer jeito, todo enrolado.”


Descontente com a resposta, Vanessa procurou a UBS do bairro no dia seguinte. A médica, que já conhecia a família, descartou a hipótese de dor do crescimento e encaminhou Henrique para exames mais detalhados.

Os resultados do Raio-x revelaram uma massa branca de 15 cm sobre o coração de Henrique, indicando a necessidade de uma Tomografia com Contraste. Sem poder esperar pelo SUS, Vanessa e a família reuniram recursos para pagar um pneumologista, mas só conseguiram marcar uma consulta após o feriado de Natal.

A consulta

Com o Raio-x em mãos, Vanessa ouviu do médico que se tratava de um tumor e que Henrique precisava passar por uma toracocentese, um procedimento invasivo para coletar uma amostra de líquido da cavidade torácica.

Henrique precisava ser hospitalizado com urgência devido à massa de 15 centímetros que continuava a crescer. Além disso, ele estava com um derrame no pericárdio, pressionando perigosamente o coração, e um derrame pleural causado por inflamações nos pulmões.

A primeira internação!

No dia 27 de dezembro de 2022, às 18h30, Henrique foi internado no Hospital Geral de Caxias do Sul. No dia seguinte, o médico iniciou o procedimento de drenagem torácica, que durou quase uma hora e meia. Apesar da suspeita de linfoma, o diagnóstico definitivo ainda dependia do resultado da biópsia.

A jornada

Dia 29, Vanessa conheceu a Dr.ᵃ Kárita, oncologista pediátrica, que explicou o protocolo de tratamento, incluindo os medicamentos e o cronograma das aplicações. Vanessa descobriu que o tumor era inoperável e a única estratégia seria desmanchá-lo com medicação.

Na manhã de sábado, 31 de dezembro de 2022, Dr.ᵃ Ana disse à Vanessa, que se tratava de um Linfoma, mas era preciso aguardar a tipagem, qual era o linfoma com o, qual lidavam!

Na segunda-feira, Henrique foi para o bloco cirúrgico para colocar o cateter e, ao retornar ao quarto, sua saturação caiu assustadoramente e a frequência cardíaca subiu, levando a equipe médica a agir rapidamente. 

No mesmo dia, Henrique iniciou a quimioterapia de contingência, que se mostrou eficaz ao desmanchar a massa tumoral, transformando-a em líquido que embebeu seus pulmões. Na terça-feira, uma punção para aliviar o pulmão esquerdo não surtiu efeito, levando Henrique a precisar de oxigênio e uma vaga na UTI por precaução.

Em 09 de janeiro de 2023, foi confirmado o diagnóstico de Linfoma Linfoblástico das Células T (LL-T)


A Domus

Após o Ano Novo, Vanessa conheceu a Domus através da assistente social Clenes Salibe. Desde então, todas as demandas de Henrique foram atendidas pela instituição.

Vanessa lembra que foi com a ajuda de Renata, psicóloga parceira da associação, que Henrique aceitou cortar o cabelo, um desejo realizado por seu barbeiro de confiança.

Hoje, Vanessa ainda recebe apoio através do Projeto Psicossocial da Domus, que continua sendo uma fonte de suporte e conforto para ela e sua família.

A Domus não apenas atendeu demandas como medicamentos, encaminhamentos e atendimento psicológico de Henrique, mas também proporcionou um apoio inestimável para Vanessa durante toda a jornada.

A resistência e a luta!

Após 30 dias internado, Henrique volta para casa com a notícia, que seus exames estavam bons. Agora, era só dar continuidade às sessões de quimioterapia e as medicações.

Contudo, a rotina pesada imposta pelos fortes medicamentos, pela reclusão e pela própria doença, fizeram com que, Henrique, relutasse em retornar ao hospital quando as dores e a febre retornaram, no início de fevereiro.

A luta continua!


O primeiro protocolo terminou em março, depois foram mais 3 internações.

Em abril, Henrique foi internado para mais um protocolo de quimioterapia e para recolocar um cateter no lado esquerdo do peito.

Mais uma internação aconteceu de 29 de maio à 2 de junho. Em 8 de junho, apresentando os mesmos sintomas de quando tudo, ele retornou ao hospital.

Dr.ᵃ Ana informou a Vanessa que Henrique estava neutropênico, uma condição em que os níveis de neutrófilos, responsáveis por combater infecções, estavam perigosamente baixos.

Pacientes com neutropenia têm um risco elevado de desenvolver infecções graves.

Sem poder ficar exposto, Henrique foi imediatamente encaminhado ao bloco oncológico, onde realizou procedimentos de limpeza e desinfecção do cateter e uma hemocultura, que revelou a presença de duas bactérias, uma delas, causadora de pneumonia.

Nesse período, as suas melhoras não se mantinham! Vários exames foram feitos, de eletrocardiograma às hemoculturas. Até que na última troca de medicamentos, as coisas pareceram se acalmar e a febre cessou. 

No quarto e conversando, Henrique, em tom de brincadeira, disse à mãe, que agora ela estava autorizada a ir para casa descansar um pouco. Depois disso, uma semana se passou e ele voltou para casa.

Em julho, ele iniciou seu protocolo de manutenção. A infecção já havia sessado e seu corpo dava indícios de melhora, com a medula sem sinais da doença e sem a massa que havia antes! Ela já não existia e Henrique, agora estava em remissão.

Em casa, os dias passaram e ele começou a se queixar de dores no pescoço e no braço. Agora, enfrentava também uma trombose, localizada ao lado do cateter. Sem demora, anticoagulantes foram prescritos.

Em 19 de agosto, Henrique se sentiu muito mal! constataram que a frequência cardíaca era de 180, e a saturação de 87, com isso, mais exames foram feitos e antes dos resultados ficarem prontos, ele voltou para a UTI.

A montanha-russa que Vanessa enfrentava, ainda reservava muitos altos e baixos!

Na tarde do mesmo dia, os resultados chegaram indicando o retorno da doença, agora, no lado direito. Abalado, Henrique confessa à mãe, que havia conseguido na primeira vez, mas que agora, não tinha certeza de que conseguiria novamente! Ele ainda diz:

[...] sabe mãe, todos esses meses de tratamento que tenho feito [...] a gente já é próximo [...], mas a gente se aproximou ainda mais [...] e tu se tornou pra mim, a minha melhor amiga!

Emocionada, Vanessa, reafirma o quanto ele é amado e que sempre estaria ao seu lado! Com bom humor, Henrique, olha para a mãe e para arrancar-lhe um sorriso, a interrompe e diz:

[...] tá bom, tá bom, deu! [...], te recompõem mulher!

Por um momento, o que havia ali era só amor incondicional e cumplicidade, sem doença, sem medo! Apenas amor! 

Passado o final de semana, o resultado dos últimos exames haviam chegado confirmando o retorno do tumor, ainda maior que seu predecessor. 

Na sexta-feira, 23 de agosto, às 6h30 da manhã, ele retornou ao bloco e lá, a real situação do tumor foi revelada! Agora, setava envolvendo e comprimindo a traqueia, por esse motivo, Henrique, foi mantido entubado.

Vanessa, fala que nunca irá esquecer daquele momento!

[...] vai ficar gravado na minha memória pro resto da minha vida [...] ele saindo do bloco [...] entubado e amarrado na cama [...] elas correndo com ele [...] eu desesperada [...] só queria resolver porque não queria mais ver ele sofrendo!

Puxada de lado pela médica, Vanessa, ouviu que o resultado de um dos exames havia chegado mostrando a presença de outra bactéria.

Nisso, um novo protocolo foi iniciado, dessa vez tão forte, na tentativa de diminuir o tumor, que derrubou as defesas do organismo de Henrique!

No dia 7 de setembro, Vanessa, foi informada de que tudo que podia ser feito, foi feito, mas o organismo de Henrique estava rejeitando as medicações. Nesse mesmo encontro, a médica aconselha Vanessa a deixar o filho descansar! 

Com isso em mente, a decisão mais difícil de sua vida precisava ser tomada. Em suas palavras:

[...] eu fiquei sem chão [...] eu só não queria mais ver ele sofrer [...] mas pra uma mãe abriro coração pra um filho e dizer pra ele descansar? [...] só que eu não podia ser egoísta [...] eu sabia que ele estava cansado! 

Mesmo tomada de pesar e dor, só restava a ela, dar adeus ao seu amado filho! Ela chegou perto do ouvido de Henrique e disse:

[...] filho, a mãe sabe que tu tá cansado [...] filho, descansa que vai ficar tudo bem!

Mesmo com todo esforço de Vanessa, dos médicos, das enfermeiras e da Domus, em 12 de setembro de 2023, às 11 horas e 55 minutos, Henrique suspirou pela última vez!

Agora

Apesar do luto, Vanessa afirma que Henrique deixou uma importante lição de força e coragem. As lembranças dos bons momentos e o relacionamento estreitado durante a doença são o que permanece.

Vanessa aprendeu que na vida, o que realmente importa é o momento! E para o futuro, com um lindo sorriso no rosto, revela que se tornará enfermeira e usará sua experiência pessoal para dar o apoio que as crianças e suas mães tanto precisam!

Galeria de Imagens

Compartilhe:
Fale Conosco
Superliga Domus

Quanto mais cedo o diagnóstico, mais alta a chance de cura.

Doe Agora