O 23º Congresso Nacional de Voluntários das Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (CONVOCC), promovido pela Confederação Nacional das Instituições de Apoio e Assistência (CONIACC).

O evento aconteceu do dia 25 a 27 de setembro, no Espaço Forever, em São Paulo, com GRAACC e ITACI como anfitriões.

Essa edição foi fundamental para todos que atuam na luta contra o câncer infantojuvenil. O tema central do evento, "O SER HUMANO, SENDO HUMANO", revisitou discussões essenciais sobre o tratamento humanizado.

Profissionais e voluntários de todo o Brasil estiveram compartilhando conhecimentos sobre a importância de garantir dignidade e qualidade de vida para as crianças e adolescentes em tratamento, com um foco especial no suporte às famílias.

A Domus participou do 23º CONVOCC, com as presenças da Assistente Social, Clenes Salibe; da Coordenadora, Rejane Siqueira e do Diretor da Domus, Rocco Donadio.

Em entrevista, ao Blog Domus, as participantes Clenes e Rejane, contaram um pouco do que viveram nos três dias evento.

1. DOMUS - Poderia comentar sobre o CONVOCC? 

Rejane - O sempre é muito legal, é a troca de experiências, porque todas as instituições, grandes ou pequenas, tem o mesmo propósito, elas trabalham com crianças com câncer, então, acabamos conhecendo a realidade de todas elas. 

Clenes - Esse evento teve a intenção de "universalizar" os processos do voluntariado, porque cada região do Brasil, tem um tipo de trabalho. As apresentações trouxeram as experiências de cada uma delas. Fiquei muito contente em perceber que a Domus já proporciona tudo, desde as fraldas, à assistência psicológica, financeira quando necessário, alimentar e até jurídica! Mas o mais importante, é o nosso papel na escuta! 

2. DOMUS - Qual a importância do CONVOCC para as instituições? 

Rejane - Independente do tamanho, todas têm os mesmos problemas e desafios. Em comparação às outras, a nossa, uma instituição tão pequena, tem um desafio muito grande, por conta da quantidade de pessoas trabalhando no voluntariado.

Clenes - Aqui, nós não temos isso, mas muitas delas, não é o técnico que realiza os atendimentos, é o voluntariado! Como não estão preparados para isso, necessitam de um alinhamento, por isso, apesar do nosso tamanho, nós realizamos muitas coisas para as famílias, nós oferecemos tudo! 

3. DOMUS - Comente o tema do congresso, "O SER HUMANO SENDO HUMANO"!

Rejane - Dentro do contexto do evento, acredito que é acolher e amparar as crianças e suas famílias, integralmente.

Clenes - O que eu entendo disso, é se colocar no lugar do outro, sempre antes de falar com as crianças e as famílias, porque é um momento de muita dor e fragilidade, então, qualquer palavra que não acolha é muito prejudicial! O SER HUMANO, SENDO HUMANO, é fazer o acolhimento como se você estivesse nesse lugar, na mesma proporção! 

4. DOMUS - Durante o congresso, um dos assuntos tratados foi o tratamento humanizado. Quais são os maiores desafios enfrentados?

Rejane - Acredito que para nós, como somos pequenos, mesmo oferecendo tudo ao nosso alcance, se tivéssemos mais pessoas, mais voluntários conosco, poderíamos fazer ainda mais e não sobrecarregaria tanto a nossa pequena equipe.

Clenes - O maior desafio com certeza é a aceitação por parte da família e também a concordância deles em seguir com o tratamento paliativo para o conforto daquela criança e aproveitarem os momentos até a partida, mesmo sendo muito, muito difícil! 

5. DOMUS - Além das crianças em tratamento, as famílias também necessitam de apoio. Como esse suporte pode ser feito?

Rejane - Nos esforçamos muito nesse sentido, tanto que, houve situações em que as famílias acabaram não usufruindo do benefício por escolha própria, então, todo suporte necessário, a Domus vai conseguir, até hoje, sempre conseguimos atendê-las na totalidade.

Clenes - Uma palavra de conforto e um abraço... Às vezes, um abraço funciona muito mais que uma palavra, porque ela pode mais machucar do que ajudar nesses momentos! A escuta também é muito importante, porque muitas mães se sentem melhor dividindo suas angústias! 

Por fim, perguntamos que mensagem gostariam de deixar para todo aqueles que desejam se voluntariar, mas por algum motivo ainda não o fizeram!

A coordenadora da Domus, Rejane, foi enfática ao afirmar que as instituições não existiram sem o voluntariado!

[...] não há como pagar um funcionário que substituiria um voluntário [...] é impossível com tudo que precisamos dar conta de pagar [...] em exames, medicamentos, consultas e até mesmo, quando falta algo mais pontual [...] construir um banheiro para uma família que possuía uma patente fora de casa, por exemplo! 

Ela ainda comenta, que a mensagem para aqueles que desejam tornarem-se voluntários, é que se ganha infinitamente mais oferecendo ajuda, porque isso é a base da evolução humana! 

[...] a sua evolução já inicia ali, na hora que você busca se voluntariar [...] quem não faz nenhum voluntariado, olhe para o lado, existem mil formas de ajudar!

Já a Clenes, assistente social da Domus, comenta que é preciso comprometimento!

[...] acredito que muitas pessoas têm a vontade de se tornar voluntário, mas elas não sabem que ser voluntário é ter um compromisso [...] porque no momento em que a pessoa se disponibiliza, a instituição passa a contar com o apoio dela! 

Além disso, Clenes fala sobre a importância da pessoa que se voluntariou ser treinada e retreinada se preciso for, isso porque, mudanças acontecem e é preciso se adequar! 

Ambas, concordam que ainda estamos engatinhando no que se refere à conscientização da comunidade!

A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, apresenta um retrato do engajamento do brasileiro, segundo a mesma, 34% disseram estar ativos em suas atividades de voluntariado, sendo 12% engajados regularmente em suas atividades.

Ou seja, apesar do enorme impacto positivo, tanto para quem pratica, quanto para quem se beneficia, no Brasil o cenário do voluntariado ainda é tímido. 

Tanto o Poder Público quanto a comunidade, devem unir forças na disseminação do valor incalculável que o voluntariado representa na vida de inúmeras pessoas e cabe a cada um de nós, levar adiante essa mensagem! 

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